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Os segredos por trás das universidades de excelência

Publicado: Quarta, 14 Fevereiro 2018 13:51 | Última Atualização: Quarta, 14 Fevereiro 2018 13:58 | Acessos: 843

Ana Branco / Agência O Globo

RIO - Ao final do ensino médio, os estudantes que miram uma instituição de ensino superior sonham, em geral, com aquelas que oferecem cursos de excelência. Mas alcançar o patamar máximo de qualidade é uma façanha obtida por poucas, ao menos quando o critério é o Índice Geral de Cursos (IGC), calculado pelo Ministério da Educação (MEC), que avalia universidades, faculdades e centros universitários do país. No último ano, quando os dados de 2016 foram divulgados, apenas sete estabelecimentos do Rio de Janeiro, entre 125, conseguiram alcançar o conceito 5, a nota máxima. Mas o que faz deles um modelo a ser seguido? Em comum, todos têm um corpo docente amplamente qualificado, desenvolvem pesquisas relevantes e, como consequência, seus alunos têm um bom desempenho.


VEJA AQUI AS NOTAS DOS CURSOS E INSTITUIÇÕES


As instituições de ensino superior que ocupam o pódio da excelência fluminense são a Escola Brasileira de Economia e Finanças, da FGV, conhecida como EPGE; a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf); o Instituto Militar de Engenharia (IME); a Escola de Enfermagem da Fundação Técnico Educacional Souza Marques (EEFTESM); a Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE); e a Escola Superior de Ciências Sociais, da FGV.
Para Rubens Penha Cysne, diretor da EPGE, criada em 1961, a vocação para a pesquisa é um dos principais ingredientes para as altas pontuações que a instituição alcança nos indicadores brasileiros e nos rankings internacionais.
- O Rio de Janeiro vive hoje muitos problemas, de forma que trazer à tona que existem centros de excelência aqui, a despeito de tudo o que está acontecendo, é muito importante- destaca. - O que acontece em um centro de estudo onde não há pesquisa? Os professores dão aula com base em livros-texto escritos há dez anos, que espelham conhecimento de 20 anos atrás. Quando o aluno sai de sala de aula, já tem uma defasagem de duas décadas.
Cysne aponta ainda a internacionalização da faculdade como outro ponto fundamental para favorecer a produção acadêmica. Nos últimos oito anos, a EPGE trouxe para suas salas de aula mais de 300 pesquisadores estrangeiros, seja para participar de seminários ou para outras atividades. Há professores visitantes vindos dos Estados Unidos e da Alemanha, e os docentes brasileiros também são incentivados a viajar para apresentar trabalhos e realizar pesquisas.
- Uma instituição de ponta não pode ficar apenas olhando para o próprio umbigo. Nesse processo, professores devem publicar em nível internacional. Também buscamos atrair alunos de outras partes do mundo - afirma Cysne
Para calcular o IGC, o MEC leva em consideração uma média do Conceito Preliminar de Cursos (CPC) - indicador que, por sua vez, considera o conceito obtido no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que avalia os alunos, e também a infraestrutura da instituição, a qualidade do corpo docente, e os recursos didático-pedagógicos - , uma média das notas da pós-graduação atribuídas pela Capes, e a distribuição dos alunos pela graduação e pela pós.


PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE PONTA


Embora grande parte dos indicadores sempre deixe algo a desejar, o especialista em avaliação de educação superior, Robert Verhine, explica que o IGC tem uma vantagem que pode fornecer um retrato melhor da situação das instituições.
- O componente mais importante em uma universidade é a aprendizagem do aluno. Nesse sentido, o Brasil tem uma situação especial por ter disponível uma avaliação relacionada a isso, que é o Enade. A vantagem do IGC em relação a outros indicadores está ligada ao fato de considerar, ainda que indiretamente, o resultado do exame, que não é um instrumento perfeito, mas é melhor que nada - argumenta.
No caso das avaliações internacionais, o educador lembra que a produção científica é um dos principais tópicos considerados nos rankings. Foi essa característica que rendeu à UFRJ, no ano passado, um lugar entre as dez melhores universidades da América Latina segundo a Quacquarelli Symonds (QS) , consultoria global de educação que produz uma classificação mundial de universidades. A instituição avançou dez posições em relação ao ano anterior. A UFRJ é protagonista no desenvolvimento de pesquisas relevantes sobre temas estratégicos, como a zika e a microcefalia. Mas, apesar da estrutura, que agrega 266 cursos e habilitações de graduação e 92 programas de mestrado e doutorado acadêmico, desde 2015 a instituição tem passado por crises financeiras recorrentes devido a cortes de recursos. Segundo a instituição, entre 2014 e 2016 a UFRJ deixou de receber R$157 milhões. Diante do quadro, a universidade convive, por um lado, com a excelência nos indicadores e, por outro, com deficiências na infraestrutura.
"A UFRJ soma-se a todas as instituições do país que têm denunciado a redução dos investimentos em ciência, e alerta para as interpretações que veem os investimentos na educação pública como gastos ordinários e não como investimentos", comentou a instituição em nota.
Na hora de figurar nas avaliações, a qualidade do corpo docente é um dos atributos que compensa problemas que podem aparecer em decorrência da escassez de recursos. A alta performance da UFRJ nos indicadores passa por ter 86% de seus professores com título de doutorado. Os demais têm mestrado ou pós-graduação.
Na Uenf, a taxa de professores com doutorado chega a 100%, segundo o reitor, Luís Passoni, e todos os docentes trabalham em regime de dedicação exclusiva. Quando o IGC foi divulgado, em novembro do ano passado, os servidores da universidade estavam há quatro meses sem receber salários, e a instituição ainda sofre com os impactos da crise que assola o governo estadual. Mas, a despeito desse cenário, a Uenf alcançou nota máxima no IGC e atribui isso à cultura de pesquisa. Na universidade, a prática acadêmica é incentivada desde o início.
- O nosso aluno de graduação é incentivado a se incorporar a um grupo de pesquisa logo que chega à universidade. Temos um programa institucional de bolsas de iniciação científica muito vigoroso - relata Passoni, que tem uma visão otimista sobre o futuro. - A situação financeira das universidades estaduais tende a melhorar, embora até agora não tenhamos recebido a parcela de janeiro do orçamento.
Na Escola de Enfermagem da Fundação Técnico Educacional Souza Marques (EEFTESM), uma das melhores faculdades do país, cerca de 78% do professores da instituição são mestres ou doutores. Eles ajudam a estruturar o que será aprendido em sala de aula. Mas há outro fator que impacta diretamente na excelência da EEFTESM: a infraestrutura. Como a instituição oferece majoritariamente cursos relacionados à área de saúde, tecnologia é um ponto importante. Atualização anual do acervo da biblioteca e aquisição de equipamentos de ponta contribuem nesse aspecto.
- Nos últimos anos, temos investido na alta tecnologia de aprendizagem com aquisição de equipamentos de última geração para treinamentos e simulações realísticas diversas - explica Simone.
A estrutura garante aos alunos simularem casos durante as aulas práticas. O resultado é que a pequena faculdade, que tem 3 mil alunos, alcançou conceito máximo estabelecido pelo MEC.

Publicado em 12/02/2018 por O Globo

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